Soneto III

Moonlight by a river - Kamenev, Lev Lvovic 1833 - 1886

Aspero amor, violeta coronada de espinas,
matorral entre tantas pasiones erizado,
lanza de los dolores, corola de la cólera,
por qué caminos y cómo te dirigiste a mi alma?

Por qué precipitaste tu fuego doloroso,
de pronto, entre las hojas frías de mi camino?
Quién te enseñó los pasos que hasta mí te llevaron?
Qué flor, qué piedra, qué humo mostraron mi morada?

Lo cierto es que tembló la noche pavorosa,
el alba llenó todas las copas con su vino
y el sol estableció su presencia celeste,

mientras que el cruel amor me cercaba sin tregua
hasta que lacerándome con espadas y espinas
abrió en mi corazón un camino quemante.

-Pablo Neruda-

Love Me Tender by Cage in Wild at Heart

Um dos meus filmes preferidos. Este filme evoca o amor na sua grandeza, uma história de amor verdadeiro e que resiste a tudo...

Navio naufragado

Moonlit Seascape With Shipwreck - Aivazovsky, Ivan Constantinovich

Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.

É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.

Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.

E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.

-Sophia de Mello Breyner Andresen-

Água Morrente

Le Poème de l'âme - Le Passage des âmes - Anne François Louis Janmot (1814-1892)

Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.

Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como a água morrente.

-Camilo Pessanha, Clepsydra-

Noites são sonhos

Le Poème de l'âme - Le Vol de l'âme - Anne-François-Louis Janmot (1814-1892)

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. Mas no fundo isso não tem muita importância. O que interessa mesmo não são as noites em si são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre. Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."

-Shakespeare-

II - GOSTO DE ...

Snow Scene - Aldrich, George Ames, 1872-1941


...NEVE

I - GOSTO DE ..

Coquelicots (Papoilas), Claude Monet

PAPOILAS
A Soul Brought to Heaven - Bouguereau, William-Adolphe

Once in a Million Years



sad

Where The Wild Roses Grow


They call me The Wild Rose
But my name was Elisa Day
Why they call me it I do not know
For my name was Elisa Day
From the first day I saw her I knew she was the one
She stared in my eyes and smiled
For her lips were the colour of the roses
That grew down the river, all bloody and wild
When he knocked on my door and entered the room
My trembling subsided in his sure embrace
He would be my first man, and with a careful hand
He wiped at the tears that ran down my face
...
On the second day I brought her a flower
She was more beautiful than any woman I'd seen
I said, "Do you know where the wild roses grow
So sweet and scarlet and free?"
On the second day he came with a single red rose
Said: "Will you give me your loss and your sorrow"
I nodded my head, as I lay on the bed
He said, "If I show you the roses, will you follow?"
...
On the third day he took me to the river
He showed me the roses and we kissed
And the last thing I heard was a muttered word
As he knelt (stood smiling) above me with a rock in his fist
On the last day I took her where the wild roses grow
And she lay on the bank, the wind light as a thief
And I kissed her goodbye, said, "All beauty must die"
And lent down and planted a rose between her teeth
...

- Nick Cave -
Ophelia - John Everett Millais

Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.

Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.

Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.

- Fernando Pessoa -

...

Meditation - Pierre Cécile Puvis de Chavannes (1824-1898)


Numa sala de aula, havia várias crianças. A dada altura uma delas perguntou à professora:

- "O que é o amor"?

A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura da pergunta inteligente que fizera. Assi, e como estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento de amor.

As crianças saíram apressadas e ao voltarem, a professora pediu à crianças que mostrassem o que haviam trazido.

A primeira criança disse: - "Eu trouxe esta flor, não é linda?"
A segunda criança falou: - "Eu trouxe esta borboleta. Veja o colorido de suas asas, vou colocá-la na minha colecção."
A terceira criança completou: "Eu trouxe este filhote de passarinho. Ele havia caído do ninho."

Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta todo o tempo. Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido. A professora dirigiu-se a ela, e perguntou:

- E tu, porque não trouxeste nada?

E a criança timidamente respondeu: - Desculpe, professora. Vi a flor e senti o seu perfume. Pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu perfume exalasse por mais tempo.
Vi também a borboleta, leve, colorida! Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído entre as folhas, mas, ao subir a árvore, notei o olhar triste da sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho.
Trago comigo o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe?
A professora agradeceu à criança e deu-lhe nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no "coração"!

Escrito por: (autor desconhecido)
Reverie - Maxfield Parrish (1870-1966)

No remedy for black hate?
Who says?
Just love
And love more,
That's all.

- Sri Chinmoy -
Anacréon arrachant une plume des ailes de l'amour - PAJOU, AUGUSTIN (1730-1809)


"Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte."

- Alexandre O'Neill -

"Sê"

Harvesting - Samuel Palmer (1805-1881)

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser uma ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

- Pablo Neruda-

Máquina do Tempo

Penumbra - Frederick Hart (Lucite Sculptures)


O Universo

é feito essencialmente de coisa nenhuma.

Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.

Espaço vazio, em suma.

O resto, é a matéria.


Daí, que este arrepio,

este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,

esta fresta de nada aberta no vazio,

deve ser um intervalo.


-Alberto Caeiro-

Blogger Templates by Blog Forum